AVISO

Dia 1 de Setembro, o Senhor Palomar muda-se de livros e bagagens para http://senhorpalomar.com/

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Apelo: Sr. Editor / responsável de comunicação, referencie sempre o tradutor que trabalhou consigo e que fez chegar a bom destino o livro ao leitor

O Senhor Palomar admira os tradutores, mesmo aqueles que são traidores. O Senhor Palomar gosta do conceito tradução, mas admite que a melhor designação, talvez seja, sub-versão. Trata-se de outra versão de um texto, esse ponto não levanta dúvidas e é Sub, como inferior, não por falta de talento do tradutor (bom, por vezes sim, mas não é desses que aqui se fala), mas porque uma cópia nunca poderá ser igual ao original. No seu todo, sub-versão, porque, enfim, um tradutor é sempre um ladrão que tem a mania de inventar e recriar as palavras dos outros.

O Senhor Palomar domina algumas línguas estrangeiras, mas sabe que demorará um pouco mais se ler o texto no original. O Senhor Palomar, embora a actualização constante deste blog o possa desmentir, tem uma vida ocupada (logo pouco tempo), e como tal, na ânsia de ler mais, lê livros estrangeiros em português, mesmo que esse texto tenha passado pelas mãos de um traidor, perdão, tradutor.

O Senhor Palomar conhece tradutores notáveis que são melhores que os escritores que estão a verter. O Senhor Palomar gosta de tradutores e admira-lhes a paciência de procurar horas e horas por aquela palavra. Tal como um autor, aliás. Nota mental: um tradutor é sempre um autor. Não é à toa que José Saramago só concebe a sua obra se analisada no conjunto da sua actividade enquanto escritor e tradutor.

Pela curta exposição, mas não só, o Senhor Palomar deseja, assim, aqui deixar o agradecimento público pela existência destes profissionais e, ao mesmo tempo em atalho de foice, deixar um apelo, um repto se preferirem, aos editores: por favor, em todos os vossos materiais editoriais ou de promoção (como newsletters), indiquem sempre o nome do tradutor. Sempre. Se não fosse o editor, não haveria a escolha daquele título, é certo. Mas se não fosse o tradutor, não havia texto. Convém não esquecer isto.

Outro dia o Senhor Palomar falará sobre a inclusão, ou não, do nome do tradutor, na capa do livro. Mas outro dia. Hoje, o Senhor Palomar está muito cansado.

1 comentário:

  1. Concordo em absoluto, aliás, conforme se pode ver no meu blog.
    Assim de repente lembro-me da excelente tradução do J. Luandino Vieira: 'Laranja mecãnica', Anthony Burgess

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