
«O principal mérito de JLBG, na arriscada deambulação por uma paisagem emocional instável, é não ceder um milímetro que seja ao sentimentalismo. Em vez de pathos, um desalento que nos chega através de elipses bem trabalhadas e da sintaxe precária, sempre à beira de esboroar-se. A atenção concentra-se nos pormenores: o fato «para levar no esquife» pousado sobre a cama; a barba que continuou a crescer depois da morte; recordações felizes da intimidade (o filho, de joelhos, cortando as unhas dos pés ao pai); a SMS enviada para um telemóvel agora sem préstimo (porque nem sequer vale a pena ligar para Deus); o antidepressivo que se toma como uma «hóstia alegre», uma «unidose de euforia».
Sem comentários:
Enviar um comentário