São longos parágrafos onde pretendo que não haja nenhum tropeço. Que não haja solução de continuidade, que uma coisa puxe a outra, que puxe a outra, que puxe a outra e que não fique forçado. Não quero fazer um artifício gráfico. É como se fossem golfadas de memória desse velho. A eulalia é o falar agradável. Eu não sabia disso quando dei o nome de Eulálio. Mas no meio do caminho eu me interessei: Eulálio de onde vem isso aí? A eulalia significa fluência no falar, assim como a cacolalia, caco é feio, não é?, é o falar mal, falar com defeitos ou até com erros de linguagem, solecismos. Taquilalia é o falar depressa [risos]. E o nome honestamente não foi escolhido por isso, mas poderia ter sido. Tem a ver com esse desejo do velho de falar, de falar, de falar, de encontrar interlocutores e quando não há interlocutores ele inventa, ele confunde. E quando não há nenhum mesmo, ele fala para as paredes mas não pára de falar. Ou se pára, pára para dormir e recomeça na página seguinte. No capítulo, parágrafo seguinte. Com um novo impulso e vai até ao fim pretendendo dar essa fluidez.»
domingo, 19 de julho de 2009
A entrevista de Isabel Coutinho a Chico Buarque
«Ia fazer-lhe essa pergunta, sobre a ausência de parágrafos ao longo de “Leite Derramado”.
São longos parágrafos onde pretendo que não haja nenhum tropeço. Que não haja solução de continuidade, que uma coisa puxe a outra, que puxe a outra, que puxe a outra e que não fique forçado. Não quero fazer um artifício gráfico. É como se fossem golfadas de memória desse velho. A eulalia é o falar agradável. Eu não sabia disso quando dei o nome de Eulálio. Mas no meio do caminho eu me interessei: Eulálio de onde vem isso aí? A eulalia significa fluência no falar, assim como a cacolalia, caco é feio, não é?, é o falar mal, falar com defeitos ou até com erros de linguagem, solecismos. Taquilalia é o falar depressa [risos]. E o nome honestamente não foi escolhido por isso, mas poderia ter sido. Tem a ver com esse desejo do velho de falar, de falar, de falar, de encontrar interlocutores e quando não há interlocutores ele inventa, ele confunde. E quando não há nenhum mesmo, ele fala para as paredes mas não pára de falar. Ou se pára, pára para dormir e recomeça na página seguinte. No capítulo, parágrafo seguinte. Com um novo impulso e vai até ao fim pretendendo dar essa fluidez.»
No blogue ciberescritas.
São longos parágrafos onde pretendo que não haja nenhum tropeço. Que não haja solução de continuidade, que uma coisa puxe a outra, que puxe a outra, que puxe a outra e que não fique forçado. Não quero fazer um artifício gráfico. É como se fossem golfadas de memória desse velho. A eulalia é o falar agradável. Eu não sabia disso quando dei o nome de Eulálio. Mas no meio do caminho eu me interessei: Eulálio de onde vem isso aí? A eulalia significa fluência no falar, assim como a cacolalia, caco é feio, não é?, é o falar mal, falar com defeitos ou até com erros de linguagem, solecismos. Taquilalia é o falar depressa [risos]. E o nome honestamente não foi escolhido por isso, mas poderia ter sido. Tem a ver com esse desejo do velho de falar, de falar, de falar, de encontrar interlocutores e quando não há interlocutores ele inventa, ele confunde. E quando não há nenhum mesmo, ele fala para as paredes mas não pára de falar. Ou se pára, pára para dormir e recomeça na página seguinte. No capítulo, parágrafo seguinte. Com um novo impulso e vai até ao fim pretendendo dar essa fluidez.»
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