O Senhor Palomar reparou agora que nunca falou da Gradiva. O que é uma tremenda injustiça. Conotada por certos públicos com a «a editora do Rodrigues dos Santos», só o olhar menos atento poderá pensar que esta é só a editora do pivot da RTP.
A Gradiva é uma das mais respeitáveis e coerentes editoras do nosso mercado, tendo feito mais pela divulgação da ciência que o Ministério correspondente em 10 anos. Sob a batuta de Guilherme Valente, tem empreendido um elevado esforço para «trocar por miúdos» conceitos que não têm de estar só no cânone dos cientistas do MIT. Quando vai buscar autores como Crato e percebemos que a Matemática está em todo o lodo ou quando nos deixa desconfortáveis depois de ler Steiner, este editor acumula funções e está, ele próprio, a assumir o papel de Ministro da Educação. E isto só para falar de dois casos. Porque há outros: Carlos Fiolhais, João Lobo Antunes, João Caraça, ou, e este é o mote do post, Eduardo Lourenço.
Eduardo Lourenço dispensa apresentações e não será o Senhor Palomar a assumir esse atrevimento (ou risco, se o leitor preferir). Mas tem atrevimento suficiente para falar da mais recente obra do ensaísta. Em «Esquerda na encruzilhada ou fora da História?», o português radicado há muitos anos em França apresenta a sua visão da esquerda política, bebendo e dissertando das suas raízes históricas, mas igualmente das suas implicações no contexto social e económico. Sem deixar, nem outra coisa se esperaria, de falar do caso Portugal. Alguns dos capítulos da obra são bem elucidativos e deixam o Senhor Palomar a salivar: A Esquerda como Problema e como Esperança», «Para uma Esquerda sem Ilusões ou A Memória Curta», ou «Do Estado como providência —(O fim de um mito?)».
Alguns dos ensaios políticos antologiados tiveram publicação em diversos meios, como o Expresso ou o Jornal, e sua escrita feita em diversas datas.
Outras obras do autor na Gradiva (mas há mais): O Esplendor do Caos (1998), Portugal como Destino seguido de Mitologia da Saudade, (1999), A Nau de Ícaro seguido de Imagem e Miragem da Lusofonia (1999), A Europa Desencantada— para Uma Mitologia Europeia (2001); Destroços— O Gibão de Mestre Gil e Outros Ensaios (2004). O Lugar do Anjo— Ensaios Pessoanos, Gradiva, 2004.
Ler mais sobre Eduardo Lourenço aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário