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quinta-feira, 11 de junho de 2009

As meninas de Numídia, de Mohamed Leftah (Quetzal Editores)


A Quetzal Editores renovou-se no último quadrimestre do ano de 2008. Com a entrada de um novo director editorial (Francisco José Viegas), alterou a sua imagem gráfica e recuperou o fôlego que perdera entretanto.

A chancela do Direct Group viria a absorver alguns autores da Bertrand (como Vergilio Ferreira - de quem está a republicar a obra completa -, José Luís Peixoto ou Vasco Graça Moura) e a cooptar outros anteriormente publicados por casas vizinhas (Cabrera Infante, com o inédito «A Ninfa Inconstante» em primeira tradução mundial, por exemplo). A par destas acções, a Quetzal tem pautado pela apresentação de belíssimas novas apostas como Hector Abad Facciolince ou Mohamed Leftah, este último um perfeito estranho até ao momento em que é lançado o romance “As meninas de Numídia”.

A obra em questão é uma pequena narrativa de cerca de 160 páginas que se lê numa penada e retrata o ambiente dos bordéis de Numídia. É a história de mulheres desgraçadas, estropiadas pela vida e pelos seus «chulos» Spartacus e Zapata, que Leftah descreve como flores. «As meninas de Numídas» são mulheres autênticas, fortes, capazes de fazer frente a todas as adversidades. Mesmo à maior das vergonhas. E talvez por isso sejam belas.

Fazendo uso de um tom narrativo que mistura de forma magistral o registo poético com os mais desbragados (na verdade, a palavra correcta é ‘vulgares’) predicados, Mohamed Leftah tem o dom de nos fazer acreditar que é possível juntar as fantasias das mil e uma noites de Sherazade com a violência crua servida em doses generosas. Sensualidade com brutalidade poucas vezes vista: tudo na mesma página. A não perder.

Sinopse aqui. Biografia do autor aqui.

As meninas de Numídia, Mohamed Leftah, Quetzal Editores. Tradução de Jorge Pereirinha Pires.

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