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Dia 1 de Setembro, o Senhor Palomar muda-se de livros e bagagens para http://senhorpalomar.com/

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Isabel Coutinho concorda

2666 é o acontecimento literário do ano.

Lateralmente a esta constatação, o Senhor Palomar gostaria de expressar que não alinha com o bota-baixismo de que está tudo mal, tudo mal, e que não há volta de isto dar a volta. Detesta a expressão «só neste país» ou «vê-se mesmo que é português». O Senhor Palomar não sabe o que é ser patriota, porque viu muito disparate feito ao abrigo de um valor, à partida, tão nobre. Mas está seguro que gosta de Portugal e dos portugueses, sobretudo das portuguesas. Abre o jornal e por vezes fica entristecido com algumas das coisas que vê. Mas também sabe que se algumas das coisas não fossem daquela forma, Portugal não seria Portugal. Desapareceria o napperon por cima da televisão e a unha maior no dedo mindinho. Milhares de homens de Alfama cortariam o bigode e queimariam as camisolas de cava. Miguel Sousa Tavares escreveria romances completos, o Estádio da Luz ficaria vazio e milhares de comerciantes com roulottes do courato e da imperial em copos de plástico iriam à falência, o que, em caso algum, seria bom para a economia. É certo que já não é o tempo do garrafão de cinco litros que se leva para a praia, mas o português continua a surpreender.

Diga-se, contudo, que nada do que é ser português e Portugal deprime excessivamente o Senhor Palomar. Preocupa-o por vezes, não o deprime. As coisas que o arreliam são aquelas mais prosaicas para o seu dia-a-dia que talvez passem ao lado de alguma parte da população. Como não ter um diário de referência com um suplemento literário igualmente assim classificado, dirigido por mulher inteligente, e bonita, como Isabel Coutinho. Como o Mil Folhas, portanto. Isto sim, bem mais do que ter a rua ainda pejada de cartazes das últimas eleições europeias que nenhum dos partidos veio recolher, faz o Senhor Palomar vacilar. E ficar saudoso.

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